Por Rita Cácia Fernandes
Há cinco anos acontece na Vila Angical um Evento Cultural organizado pelo Colégio Municipal de Angical, com duração de três dias, exceto o último que durou apenas dois dias (01-02/10/09). O tema deste ano foi Meio Ambiente: Preservando o Presente Para Garantir o Futuro, as questões ambientais afloraram em momento oportuno em meio ao aquecimento global.
Previamente algo nos inquietava, a difícil tarefa da conscientização. Então concluímos que a sensibilização antecede a conscientização. Portanto foi neste campo que atuamos, na sensibilidade humana. Visto que consciência é construto interno, se desenvolverá em proporções diferentes em cada indivíduo.
E para sensibilizar nada melhor que a festa! O projeto de empreendimento teve várias etapas, os projetos de aprendizagens De Bem Com a Natureza, desencadearam em outros empreendimentos – outras festas – Oficinas de Customização de Roupas, Desfile de Modas (Recicle Fashion) e a Feira da Pechincha.
Língua Portuguesa tramitou pelos vários tipos e gêneros textuais. Divulgamos os eventos com uma diversidade textual – aviso convites, cartazes, vinhetas – todos compareceram.

Nas oficinas contamos com a participação das mães e artesãs da comunidade, que orientaram os educandos, ao tempo que também confeccionaram belas artes nas peças arrecadadas pelos alunos e doadas por pessoas da comunidade.

Os estudantes do 9º ano selecionaram os lookes e

apresentaram para as modelos – alunas da escola – dentre elas, negras e brancas, altas e baixas, gordas e magras, cabelos de todos os tipos. Cada uma escolheu o que mais se identificou.
Nossa maior preocupação era com a formação da platéia. Uma vez aberto a qualquer pessoa, realizado na quadra poliesportiva de Angical, de fronte a escola, estariam sujeitas a vaias. Além do boca-a-boca, divulgamos no jornal mural da escola um informe sobre o sentido social da vaia, o preconceito, o papel da mídia. Funcionou!

A arte feita e divulgada chegou a hora da feira. Os próprios alunos deram os preços, fizeram a panfletagem e venderam os produtos. Os fundos adquiridos foram revertidos para custear o V Evento Cultural.
O material que circulava continha slogan criado pelos próprios alunos, o qual foi a matiz para o cartaz de divulgação do evento final.
.jpg)
Para apresentar no evento, produzi com os alunos do 6º e 7º anos, poesias com o tema meio ambiente, usamos várias técnicas – diamante (1 nome, 2 adjetivos, 3 verbos, 2 adjetivos, 1 nome), coletiva ( um inicia com uma frase e o outro dava continuidade, cada aluno só conhecia a última frase que foi escrita), paródias e a escrita livre, com ou sem rimas. No 7º ano alternaram a apresentação entre poesias e paródias cantadas. Deram show!

O processo foi recheado com textos mais densos, como artigos de

opinião, reportagens, relatórios, seminários, debate. A comunidade deu a contribuição, irrigantes, trabalhadores rurais, professores e enfermeiras, foram entrevistadas, informações que foram analisadas e divulgadas no jornal mural.

Cada gênero textual foi discutido a função, característica e elementos lingüísticos. Além da informação, visávamos a formação do escritor/leitor. Os alunos envolveram-se cada vez mais à medida que percebiam que cada produção tinha sentido em si mesma. A satisfação de um texto real para um leitor real favoreceu a preocupação com uma escrita, legível, organizada e padronizada.
Claro que nem sempre todos os aspectos foram atendidos, mas em todos os níveis de escolarização em que trabalho, foram pensados.

Juntamente com os relatórios, usaram outros recursos para documentar a fim de que a posteridade conheça “a festa”, no 7º ano produziram um Diário de Bordo, coletivo. Alguns textos, dos escritores com veia poética foram escritos com o sangue. Quase todos escreveram. As demais turmas registraram um depoimento pessoal. Cheios de emoções!
A atividade mais emocionante, embora não concretizada foi a visita a uma reserva de caatinga

que se localiza de fronte a escola.Com os alunos do 6º ano fotografamos a vegetação, a princípio foi para produção de cartões postais, entretanto a falta de recursos financeiros para pagar a gráfica inviabilizou a edição. As belas paisagens foram exibidas num telão durante o Evento Cultural. Os olhos dos espectadores pareciam está vendo mundo desconhecido. Mas as sensações de está naquele local os excursores conheciam, como diz um dos depoimentos “os sons, as cores, os cheiros são indescritíveis”.
Esse projeto que foi interdisciplinar para alguns, multidisciplinar para outros e apenas uma colaboração entre disciplinas para os demais, concluímos que em sua essência foi muita aprendizagem para todos os envolvidos – Educação Infantil, Fundamental I e II e a Educação de Jovens e Adultos. Cada um brilhou do seu modo!